Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?
- Equipe Diálogos
- 27 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
Geralmente chego em casa à noite exausto, sem a paciência necessária para dedicar atenção à minha família e com uma frustrante sensação de arrependimento ao observar que o tempo está passando e minha vida tomou um rumo bastante distante do que um dia sonhara.
Estudei bastante para ter melhores condições de vida e ter a minha profissão e para isso dediquei muito tempo. Hoje tenho meu emprego e consigo sustentar minha família, mas para isso preciso dedicar muito tempo. Não tenho nada em abundância, mas quase nada me falta. Tenho uma casa para morar, um carro para me locomover, o alimento não falta na mesa e nem a roupa no corpo.
Aparentemente não me falta nada, mas tem aquele “quase”. Não me falta “quase” nada. Este, porém, é justamente aquilo que desperdicei durante toda minha vida para ter o que tenho hoje: o tempo.
Dedico muito tempo sendo quem eu preciso ser, mas me falta tempo para ser quem eu de fato sou e quem quero ser. Dedico muito tempo para TER estabilidade na minha família, mas me falta tempo para SER família.
Ando por aí e vejo que mais pessoas sofrem deste mal que o modo de vida proposto pela nossa sociedade nos impõe.
Vejo médicos, enfermeiros e bombeiros lutando para salvar vidas, advogados e magistrados trabalhando para tornar justa a vida alheia, cientistas de diversas áreas estudando para cada vez mais tornar digna as nossas vidas e tudo isso é muito importante para o bom desenvolvimento da sociedade.
O problema começa quando a situação se inverte: Os que vejo dedicando-se à vida de outros esquecem de zelar por suas próprias vidas.
A correria do dia-a-dia e o atual modelo rotulado de viver a vida fazem com que as pessoas preocupem-se em manter certos hábitos tradicionais que nem sabem o porquê fazem e acabam por esquecer de tornar a vida plena e satisfatória.
Este modelo fixa a ideia em que o objetivo principal é alcançar um trabalho que lhe renda um salário farto e vantajoso e tornar-se uma pessoa rica de valores materiais.
Quando decidimos sair da rotina e fazer um contraponto de ideias com o que já é imposto, percebemos que essas riquezas contemplam apenas uma dimensão superficial da vida.
Viver bem é fundamental para o ser humano e ter um trabalho digno deve ser motivo de felicidade. Trabalho que nos satisfaça enquanto cidadãos, trabalho que respeite a vida social de cada um, trabalho generoso o suficiente para nos dar tempo para sonhar.
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