A Fronteira- Parte 2

A FRONTEIRA- PARTE 2

A fronteira é, no mínimo, enigmática. Se estamos distraídos nem percebemos em que país estamos, pois nestes pagos o dialeto é praticamente o mesmo. E mesmo que fosse muito diferente não seria a língua um abismo diferencial de um povo que é tão parecido, mesmo nas suas diferenças.

Talvez por aqui vivamos em um mundo à parte mesmo... Se por um lado podemos observar dois países, cada um constituído por suas leis e diretrizes, por outro observamos uma única região, construída com a cara do seu povo e com as marcas que este povo deixa, sejam elas culturais, históricas ou até mesmo sociais.

É muito fácil para o povo daqui identificar as fronteiras geográficas que temos, todos sabem os limites, proibições e liberdades. O assunto começa a ficar um pouco mais complexo quando falamos nas fronteiras do dia-a-dia. Para quem vive nesta região do mundo é inaceitável admitir que somos dois povos distintos e nossa comunhão termina em um pedaço de papel.

E assim é feita a nossa vida, sendo construída, desde que nascemos, por muitas fronteiras impostas que precisamos ultrapassar. Quando a gente se distrai e “cruza a linha” da vida, percebemos que as fronteiras só existem se nós as aceitamos dentro nós. Podemos ignorá-las, passar por cima como se o mundo fosse todo nosso (e é!), e irmos em busca dos nossos sonhos.

Nesta caminhada, contudo, é importante levarmos em conta as fronteiras das pessoas que nos cercam, suas opiniões, crenças e realidades de vida. Essas são as fronteiras que precisamos respeitar para o bem viver em comunidade, respeitar sobretudo a singularidade de cada pessoa.

Na construção pessoal de cada um, somos livres para sonhar, almejar nosso objetivo e conquistá-lo. Somos desafiados diariamente a romper as barreiras que nos distanciam de uma vida feliz e em plenitude, e isso não é uma tarefa fácil. Mas podemos ser como os pássaros que sobrevoam as praças das fronteiras do pampa. O nosso par de asas basta.

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